sexta-feira, 8 de julho de 2011

Começo de Brasília

“A primeira vez que eu fui à Brasília de avião, a gente foi com os militares. Eu sentei ao lado do Marechal Lott e, no caminho, ele me perguntou: ‘Niemeyer, o nosso edifício vai ser clássico, né?’ Eu até disse, sorrindo pra ele: ‘o senhor, numa guerra, o que vai querer? Arma antiga ou moderna?”

“O Juscelino passou por aqui, me chamou, descemos juntos pra cidade e ele me disse: “Olha, eu quero fazer uma capital. Uma capital diferente. Não quero uma capital provinciana, quero uma coisa bonita, que mostre a importância do país.” E foi bom, começamos a trabalhar. Eu achei Brasília longe demais, mas depois eu me acostumei com a idéia. Que a determinação de Juscelino era tanta que nós passamos a achar que tudo ia correr bem. E Brasília foi assim uma aventura, cheia de problemas e desencontros, desconforto... a gente mal alojado. Mas havia determinação do JK, e a coisa prosseguiu. Porque eu acho que a vida é assim. A gente tem que separar as coisas. A vida é chorar e rir a vida inteira. Aproveitar os momentos de tranqüilidade e brincar um pouco. Depois, os outros é agüentar. A vida é um sopro né?“

“Eu me lembro a gente trabalhando lá, freqüentando as boates no meio daqueles operários, tudo vestido igual. A gente tinha até a impressão que a sociedade ia melhorar, que os homens seriam mais iguais né?Mas não, quando inaugurou a cidade, vieram os políticos, vieram os homens de negócios, era a mesma merda, a diferença de classes, a imposição do dinheiro, dos negócios, tudo que até hoje anda por aí.“

Oscar Niemeyer

Nenhum comentário:

Postar um comentário